Salvamento Emergencial do Centro Histórico de Goiás
Histórico do Monumento
Em 1722, o filho de Bartolomeu Bueno, adentra o sertão em busca de fontes auríferas. Quatro anos depois, ele comanda uma nova bandeira para o interior, fundando vários arraiais, entre os quais estão o da Barra, o do Ferreiro, o do Ouro Fino e o de Sant’Anna (1727), que viria ser a Cidade de Goiás.
Em 1729, é erigido o primeiro edifício religioso do arraial, a Capela de Sant’Anna. Pouco tempo depois, é construída pelos negros a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (1734). Posteriormente, a criação da Capitania de Goiás faz-se erigir vários de seus mais importantes edifícios: o Palácio Conde dos Arcos (1751), o Quartel da Tropa de Linha (1751), a Casa de Fundição do Ouro (1750), a primeira Casa de Câmara e Cadeia (1761), a Igreja de São Francisco de Paula (1761), o Chafariz Carioca (1772), o Largo do Chafariz (1778) e a Igreja da Boa Morte (1779).
Em 1818, Vila Boa é elevada à categoria de cidade com o nome de Cidade de Goiás , firmando-se enquanto capital da província.
A transferência da capital do estado para Goiânia (1937), a chegada da estrada de ferro a Anápolis (1935) e a programação de expansão agrícola pelo governo federal representam alguns dos condicionantes mais significativos dos primórdios do processo de modernização do estado de Goiás. As consequentes descaracterizações do patrimônio edificado induzem a uma primeira ação de tombamento da cidade que abrange as igrejas, duas praças e os principais edifícios públicos.
A modernidade trazida, sobretudo, pelos jovens filhos de Goiás, que acorrem a Goiânia em busca de oportunidades de estudo e trabalho, vão aos poucos contaminando a pequena Goiás. Ainda, o aumento das migrações intrarregionais e as pressões, no sentido da transformação de uso dos espaços tradicionais, ameaçam desfigurar as características do patrimônio histórico. Como consequência, em 1978, se dá a extensão do tombamento, que passa a conter, além de todo o legado histórico, a parte do sítio natural correspondente às origens da cidade.
Por seu valor histórico e sua autenticidade, a Cidade de Goiás tornou-se um precioso testemunho da conquista do interior do país, merecendo figurar, a partir de 2001, na Lista do Patrimônio Mundial.
O Restauro
No dia 31 de dezembro de 2001, uma enchente arrasou a área central da Cidade de Goiás por 1,6km ao longo das margens do Rio Vermelho e deixou 184 imóveis destruídos total ou parcialmente pela ação das águas, 163 casas, 3 pontes e o monumento ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera.
A praça onde ficava a Cruz do Anhanguera, em frente à casa da poetisa Cora Coralina, era um buraco, o monumento ao bandeirante fundador da cidade havia desaparecido. Subindo a Rua D. Cândido Penso, rumo à Igreja do Rosário, fileiras de cinco casas de um lado e cinco de outro – entre elas, a de Cora Coralina, hoje Museu Casa de Cora – ainda jorravam a água estancada e ameaçavam desabar; do outro lado, na Rua Moretti Foggia, rumo à Praça do Coreto, mais uma dezena de casas estava na mesma situação – uma delas, o hoje Cine Teatro São Joaquim. Ao longo do rio, a situação era a mesma.
Para o salvamento emergencial, inicialmente foi feita a limpeza das áreas afetadas e a remoção da lama. Em seguida, foi realizado o escoramento dos imóveis que ameaçavam ruir. Depois, foram locados contêineres para o depósito dos entulhos, enquanto tentava-se encontrar esquadrias e outras peças em condições de reaproveitamento.
Ficha técnica
Localização: Cidade de Goiás (GO)
Período de restauração: Janeiro/2002 a fevereiro/2002
Proteções existentes: Federal – nº Processo:0345-T-42, Inscrição nº 073, Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, 18 de setembro de 1978. Monumento incluído na Lista do Patrimônio Mundial.
Obras: Salvamento Emergencial
Contratante: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Superintendência de Goiás (Iphan-GO).