Mercado Municipal Adolpho Lisboa
Histórico do Monumento
O primeiro passo para construção do Mercadão, como hoje é carinhosamente conhecido pela população manauara, foi dado em 1881, na gestão do presidente Satyro de Oliveira, com a desapropriação de um terreno de 5.400m2, próximo ao porto, situado na Rua dos Barés. Efetivamente, a construção de um mercado coberto e adequado aos padrões sanitários e comerciais, inicia-se em 1882, no governo do presidente Alarico José Furtado.
Construído pela empresa Backus & Brisbin, que atuava em Nova Orleans (EUA), no México e em Belém (PA), o edifício era composto de um galpão coberto e uma fachada de alvenaria de pedras voltada para o Rio Negro, cujo frontão, em estilo neogótico, tinha instalado um relógio de fabricação alemã. A estrutura metálica foi totalmente importada de Liverpool, encomendada por catálogo da empresa Francisc Norton Engineers. Esta parte é hoje o Pavilhão Central do Mercado, que foi inaugurado em 15 de julho de 1883.
Em 1890 sua estrutura é ampliada com a construção de mais dois pavilhões laterais. Essa ampliação, entretanto, não foi suficiente para suprir a crescente população da cidade e, em 1902, foi encomendado, da empresa Walter MarcFarlane, de Glasgow, Escócia, a estrutura de ferro do pavilhão posterior, hoje Pavilhão das Tartarugas. A nova estrutura se difere das demais por ter cobertura em quatro águas, iluminação por lampiões de querosene e laterais fechadas. É nesta ampliação que o mercado recebeu uma fachada voltada para Rua dos Barés, concluída em 1906.
Atualmente, o Mercado Municipal Adolpho Lisboa possui seis pavilhões de ferro fundido: o Central e dois laterais, da Carne e do Peixe; um posterior, o da Tartaruga; e dois pavilhões menores, instalados lateralmente nas extremidades da fachada voltada para o Rio Negro, os pavilhões Amazonas e Pará.
O Restauro
O mercado foi completamente restaurado, desde os pisos até sua cobertura, obedecendo preceitos internacionalmente aceitos para o restauro de edifícios históricos. Cada intervenção foi pensada, no sentido de se manter a originalidade e a unidade arquitetônica do conjunto.
Estrutura de Ferro
O processo de restauro das estruturas de ferro fundido passou pela remoção das camadas antigas de tinta e da oxidação através do processo de jateamento com esferas metálicas, até a exposição total do ferro, que foi imediatamente protegido por uma camada de zarcão para evitar nova corrosão. As peças muito degradadas foram substituídas por novas, produzidas utilizando moldes das estruturas originais, e a parte removida foi aproveitada como material de fundição para novas peças. Com siso, o material original foi reintegrado à estrutura.
Cobertura
Originalmente fabricadas em folha de flandres, as telhas em formato de escamas foram cuidadosamente removidas ou passaram por uma limpeza. As que apresentavam boas condições tiveram sua camada de tinta extraída e então receberam fundo e nova tinta. Dessa forma, puderam ser mais uma vez instaladas no seu local de origem. Parte das telhas foram fabricadas com aço galvanizado, por essa razão, esse material foi utilizado na confecção das telhas que precisaram ser substituídas, tendo como molde as telhas originais.
Pedras
A pedra jacaré, material constitutivo das paredes do prédio principal e da alvenaria de base dos pavilhões, é bastante comum em Manaus. Para a restauração das alvenarias, toda a camada de revestimento de argamassa foi retirada, a fim de localizar os danos ocorridos com o passar dos anos. As partes degradadas foram recortadas e preenchidas posteriormente com obturações do mesmo material. As formas originais, já desgastadas, foram recompostas, trazendo de volta a unidade do edifício.
As pedras de lioz que calçavam os pavilhões da Carne e do Peixe foram retiradas e substituídas por piso cerâmico, atendendo às diretrizes sanitárias do município. As pedras retiradas foram então reutilizadas para restauração do piso de lioz das calçadas e da área externa do mercado.
Além das restaurações que restituíram a beleza do edifício, diversas adaptações foram concretizadas para adequar o mercado às necessidades atuais, tais como revisão total das instalações elétricas, atualizações de acessibilidade, como instalação de elevadores e rampas, que propiciam o amplo uso do espaço, e a criação de restaurantes no segundo pavimento do edifício principal.
Ficha técnica
Localização: Manaus (AM)
Período de restauração: Janeiro/2010 a outubro/2013
Data de construção: 1882
Área coberta: Aproximadamente 3.400m²
Construtor: Alarico José Furtado
Proteções existentes: Federal – Processo nº 1179-T-85 / Livro do Tombo das Belas Artes nº 584 – 1º/7/1987, Livro Histórico nº 514 – 1/7/1987
Obras de restauração: Arquitetônica com adaptação de instalações elétricas, hidráulicas, de acessibilidade e adaptações às necessidade atuais de um mercado municipal, com bancas e boxes adequados.