Mercado Municipal de Goiás
Histórico do Monumento
Em 1869 é realizada a abertura de uma rua (Estrada do Mercado) e autorizada a compra de diversos terrenos particulares. Porém, somente em novembro de 1926 a edificação atual foi inaugurada. Como ponto de comércio, teve grande relevância na constituição da história da Cidade de Goiás, e ainda hoje reúne moradores e turistas atrás de artesanatos, frutos e da culinária regional.
Narrativas locais revelam que, em tempos anteriores, as mulheres da cidade eram impedidas de entrar no Mercado devido a algumas “conveniências” masculinas. O edifício guarda a história de uma época em que os homens possuíam muito mais privilégios sociais sobre as mulheres, todavia, também é símbolo da luta feminina por mais respeito e igualdade diante do conservadorismo e machismo dos valores morais.
O edifício principal do Mercado foi erguido com traços que o aproximam da arquitetura neoclássica. Possui alvenaria de tijolo e adobe, ornamentos em massa forte de reboco, colunas com capitéis e volutas em estilo grego-jônico, as quais comportam uma platibanda também ornada com elementos decorativos comuns ao ecletismo utilizado em várias edificações da Cidade de Goiás, nas primeiras décadas do século XX.
O projeto inicial contemplava a construção de um único bloco de grande circulação, avarandado e em arcos. Ao longo do tempo, o edifício passou por várias reformas e sucessivas ampliações. Foram construídos outros blocos com características completamente diversas e distintas da edificação principal. Estas reformas e ampliações, fruto de pequenas intervenções sucessivas executadas individualmente pelos permissionários em suas próprias lojas nem sempre, ou quase nunca, seguiram as normas técnicas de segurança, acessibilidade e sanitárias. Com isto criou-se ambientes insalubres e acessos estreitos com escadas que impossibilitavam o trânsito de pessoas com mobilidade reduzida. Somou-se a isso o extenso período sem nenhuma intervenção de preservação. O resultado, em 2014, era um Mercado degradado e fora das normas de segurança no que tange às instalações elétricas e hidrossanitárias.
O Restauro
O mercado é dividido em cinco blocos construídos em diferentes períodos. O planejamento da obra incluiu o restauro de quatro deles (A, B, C e D). O mais recente, que abrigava a rodoviária, foi demolido dando lugar a uma nova edificação. A nova configuração proporcionou um melhor aproveitamento da Praça Vinícius Fleury, tratada como Largo, com a ampliação dos espaços de convivência.
As telhas de cerâmica e peças de madeira da cobertura foram removidas, de acordo com as prospecções arquitetônicas e estruturais. O piso existente foi demolido e foram executadas novas escadas e rampas, permitindo melhor circulação dos usuários.
Além disso, foram refeitas todas as instalações, adequando às normas técnicas vigentes, e instalados extintores de incêndio. Novos sanitários foram construídos, portas e janelas foram substituídas por novas, em madeira e vidro. Nas aberturas voltadas para o rio Vermelho, foram executadas janelas-balcão.
Todo o calçamento foi refeito em pedra laje com a construção de rampas, escadas e guarda-corpos, promovendo a melhor acessibilidade possível devido às condições da topografia local. Foi realizado também o paisagismo com a utilização de espécies tradicionais da região, e junto ao pergolado foram plantadas trepadeiras, para proporcionar sombreamento.
Ficha técnica
Localização: Cidade de Goiás (GO)
Período de restauração: Outubro/2014 a dezembro/2016
Data de construção: 1926
Proteções existentes: Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
Obras de restauração: Arquitetônica
Contratante: Prefeitura de Goiás
Registro fotográfico: Gabriel Côrtes