Ministério da Economia
Histórico do Monumento
O edifício-sede da Superintendência Regional de Administração do Ministério da Economia do Estado do Rio de Janeiro – antes Ministério da Fazenda – foi inaugurado em 1943 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2005. O conjunto arquitetônico abriga também outros 16 órgãos federais, como a Receita Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas da União, o Museu da Fazenda Federal e a maior biblioteca econômica do Brasil, que concentra um acervo especializado em Economia, Direito, Finanças e Administração Pública.
Assinada pelo engenheiro Ary Fontoura de Azambuja, a majestosa edificação impressiona pelo conjunto monumental de portas em ferro fundido, pilastras de mármore, vasos de grande porte, lustres e lampadários que compõe um acervo sofisticado de grande valor estético. No terraço do 14º andar há cinco painéis em mosaico, de autoria do modernista Paulo Werneck (1907-1987), pintor, desenhista, ilustrador de livros infantis e colunas políticas de diversos jornais brasileiros. Autodidata, ele introduziu no Brasil a técnica do mosaico e contribuiu, com seus murais, em projetos de arquitetos como Oscar Niemeyer, Marcelo Campelo, Firmino Saldanha, entre outros.
Apesar de ter perdido sua condição de Ministério da Fazenda após a mudança da capital federal para Brasília, as enormes placas com brasões foram mantidas, e o edifício passou a abrigar agências bancárias, departamentos do Ministério da Economia e a Receita Federal.
O lugar também é um ponto turístico da capital do Rio de Janeiro, e o público pode fazer um tour pela memória econômico-financeira do país visitando a exposição “Do Erário Régio ao Ministério da Fazenda”, além de realizar uma visita guiada pelo antigo Palácio da Fazenda e conferir a história do prédio, as características de sua arquitetura, os elementos artísticos, além de curiosidades sobre a história e a arte deste monumento.
O Restauro
As intervenções de restauração do edifício-sede da Superintendência Regional de Administração do Ministério da Economia do Estado do Rio de Janeiro revelaram artefatos decorativos importantes que estavam invisibilizados há anos por causa de ações inadequadas de manutenção do bem histórico.
A limpeza das superfícies e a lavagem com jato de água da fachada da Avenida Presidente Antônio Carlos revelaram diversos elementos artísticos de bronze (postes, piras, arandelas, vasos, tocheiros e brasões) que estavam pintados de preto. A retirada de impurezas e o polimento das peças fez saltar aos olhos uma beleza que conferiu imponência à entrada principal da edificação.
Após essa minuciosa limpeza dos elementos artísticos, do piso e da escadaria principal e do restauro das esquadrias de madeira e de ferro, do mármore e de toda estrutura de sua entrada, o monumento histórico, considerado um marco da Era Vargas, voltou a ser admirado pela população carioca.
Além da fachada principal, outro espaço que merece destaque é o 11º andar, cuja reforma das salas e da copa foi iniciada em de abril de 2022, com a remoção de divisórias, do forro mineral, dos tacos de madeira e a demolição do contrapiso.
A equipe trabalhou também no restauro do mastro, na pintura em plasticôte da fachada Almirante Barroso, no restauro dos postes da fachada da Rua Debret, na instalação dos medalhões nas esquadrias de ferro fundido, no polimento dos ornatos, na reposição de elementos das arandelas, entre outros serviços.
No terraço da edificação, estão localizados cinco murais de pastilha do artista Paulo Werneck (1907-1987), pioneiro da arte muralista no país. Todos estão sendo recuperados. O estado inicial das obras “Amazônia” e “Mata Atlântica” era crítico. Havia perdas consideráveis de peças, além do estado de desplacamento e degradação em vários pontos da argamassa.
As demais pinturas murais, “Mulher Indígena, Coqueiro e Vitória Régia”, “Índio Sepé Tiaraju, defensor das Missões” e “Mulher Indígena com Cabaça”, possuíam perdas pontuais de pastilhas e não sofreram degradação semelhante aos dois inicialmente citados.
Depois de um mapeamento detalhado da quantidade de pastilhas perdidas dos cinco murais, uma pequena parte foi encontrada no Museu do Ministério. Entretanto, ainda faltava um número significativo: 1.937 unidades.
Finalmente, após uma pesquisa sem sucesso nos estoques de fornecedores de vários estados em busca de elementos iguais ou similares, a equipe descobriu uma exposição do artista no Museu de Arte do Rio e agendou uma reunião com os curadores Claudia Saldanha, neta de Paulo Werneck, e Marcelo Campos.
Na ocasião, Claudia foi convidada para conferir o processo de restauração e se comprometeu, na visita à obra, a doar pastilhas originais guardadas no ateliê de seu avô. O trabalho meticuloso foi feito por uma equipe local especializada em consultoria e técnicas de restauração. Mas esse não foi o único esforço para ser fiel ao projeto da década de 1940, também foi possível localizar o fornecedor da textura plasticôte que cobre o prédio, o que contribuiu para manter a originalidade do revestimento das fachadas.
Outro desafio está relacionado ao restauro das diversas esculturas em alto relevo do prédio histórico. Uma delas não possuía uma mão. Sem registro da peça original, foi feita uma extensa investigação até encontrar uma fotografia antiga. Essa foi a referência utilizada para esculpir uma réplica idêntica à original.
Ficha técnica
Localização: Rio de Janeiro (RJ)
Período de restauração: Dezembro/2020 a dezembro/2022
Data de construção: 1943
Proteções existentes: Tombado como Monumento Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Obras de restauração: Arquitetônica e artística