Museu da Abolição
Histórico do Monumento
O Sobrado Grande da Madalena, casarão tombado como patrimônio nacional em 1966, na cidade de Recife (PE), e que hoje abriga o Museu da Abolição – Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira (MAB), já foi a antiga residência do abolicionista João Alfredo Corrêa, primeiro-ministro de D. Pedro II, que assegurou a aprovação parlamentar da Lei Áurea (13 de maio de 1888) e teve participação decisiva em todo o processo de promulgação da Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871), documento que, mais do que declarar livres filhos de mulheres escravas, ofereceu as condições que o Brasil necessitava para extinguir a escravidão.
Na segunda metade do século XIX, o casarão recebeu uma grande restauração que acabou por adaptá-lo ao estilo neoclássico vigente na época, com revestimento em azulejos, esquadrias com bandeiras, sacadas de ferro forjado e modificações arquitetônicas que garantiram sua configuração atual, voltando a ser conhecido como Sobrado Grande da Madalena, um prédio de destaque na paisagem, sobretudo por sua imponência e volumetria.
Durante a II Guerra Mundial, o Casarão da Madalena foi ocupado por uma unidade do Exército Brasileiro. Em seguida, foi utilizado como garagem e oficina para consertos de ônibus. Restou abandonado e em péssimo estado de conservação, passando a ser utilizado por famílias desabrigadas que ocuparam o imóvel como moradia.
Em 1961, o Museu da Abolição foi instalado no casarão e passou a ser mantido pelo 1º Distrito da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN).
Situado em uma área privilegiada na cidade de Recife (PE), o edifício marca a valorização da região, despertando interesse cultural graças a seu acervo de peças museológicas, pesquisas bibliográficas, hemerográficas (catálogos e outras publicações), fotográficas ou documentais e às diversas exposições temporárias, responsáveis por atrair estudantes, intelectuais, líderes de movimentos culturais afrodescendentes e a população em geral.
Por ter sido a antiga residência de uma personalidade abolicionista, tornou-se espaço de reflexão, respeito, difusão e promoção da cultura afro-brasileira. Atualmente, a edificação encontra-se em estado regular de conservação. De modo geral, a estrutura da cobertura e o sistema elétrico estão mais comprometidos e necessitam de adaptações para atender às especificidades de funcionamento de um museu e garantir acessibilidade universal.
O Restauro
A restauração do Sobrado Grande da Madalena, edificação sede do Museu da Abolição, teve início em agosto de 2020. Entre os diversos e minuciosos serviços realizados, estão o restauro do telhado colonial, de pisos e esquadrias em madeira, cantarias e gradis de ferro que adornam os balcões do segundo pavimento. As fachadas de azulejo ganharam ainda mais destaque na paisagem do bairro após a instalação da iluminação externa.
O prédio foi modernizado com a inclusão do sistema de ar condicionado central, que garante o controle de temperatura adequado para conservação de obras de arte do acervo e maior conforto para equipe da administração e público visitante. Foram incluídos também pontos de dados e voz em todos os ambientes. A acessibilidade interna foi garantida por meio da instalação de rampas, banheiros com equipamentos especiais, corrimãos e um elevador com capacidade para três pessoas.
Além da restauração arquitetônica, também foram construídos uma loja/café e um complemento ao prédio anexo existente para funcionar camarins e um estúdio de gravação, parte da estrutura de apoio para produção. Os eventos artísticos e culturais serão realizados em uma lona tensionada de aproximadamente 200 metros quadrados, instalada para esse fim, que, inclusive, foi palco das apresentações gravadas em agosto de 2021 para o projeto Canteiro Aberto EnCena, desenvolvido pelo Instituto Biapó.
A grande área verde do museu, que está diretamente associada às práticas e temáticas de cultura, memória e patrimônio do espaço, foi revitalizada e recebeu um projeto paisagístico que incluiu o plantio de ervas e espécies de plantas relacionadas à cultura afro-brasileira.
Ficha técnica
Localização: Recife (PE)
Período de restauração: Maio/2019 a agosto/2022
Data de construção: 1957
Proteções existentes: Monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Obras de restauração: Arquitetônica
Contratante: Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)